Celso Alvim, do Monobloco, diz que o bloco toca “por prazer” em BH e que não utiliza recurso público, apenas o patrocínio nacional da Ambev
PUBLICADO EM 17/02/17 - 03h00
LUCAS SIMÕES
Junto ao crescimento da folia, o Carnaval de Belo Horizonte também tem acumulado polêmicas. A mais recente delas, sobre patrocínios e blocos de fora do Estado, causou debates acalorados nas redes sociais. Em um post que viralizou no Facebook nessa quarta-feira (15), o percussionista Zeca Magrão afirmou que o Monobloco iria receber R$ 250 mil da Ambev, com apoio de recursos da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), para desfilar no Carnaval.
A informação gerou críticas de vários foliões, questionando o suposto uso de dinheiro público para financiar o bloco carioca, em detrimento de músicos locais. “Com tantos blocos e músicos bons em nossa capital, a Ambev, com apoio da Prefeitura, prefere contratar o Monobloco e desembolsar nada mais nada menos do que R$ 250 mil. Não tenho nada contra o bloco do Rio de Janeiro, mas aqui nós temos músicos tão competentes quanto”, disse no Facebook o percussionista.
Por telefone, Zeca completou: “A Ambev deve lucrar mais de R$ 3 milhões na cidade e decidiu investir no Monobloco. Enquanto isso, a Prefeitura destinou só R$ 300 mil aos artistas locais. É quase nada. E a Prefeitura está divulgando esse evento, facilitando esse tipo de atitude, que só fortalece blocos de fora”, argumenta Zeca.
Procurado pelo Magazine, Maurício Landi, gerente de marketing da Ambev em Minas Gerais, diz que “é impossível dimensionar o lucro da Ambev durante o Carnaval” de Belo Horizonte, mas explica que a empresa investiu em outros blocos além do carioca. “Nós somos o patrocinador nacional do Monobloco e vimos uma chance grande em BH. Hoje, nós patrocinamos também Baianas Ozadas, bloco O Leão da Lagoinha e U’Bloco, do Necup. Só nesses primeiros dois meses, ajudamos mais de 20 eventos, como o Trio Chacoalha, que acontece neste sábado, também com nosso patrocínio, numa festa gratuita ao público”, diz Landi, sem revelar os valores de patrocínio oferecidos pela Ambev.
O percussionista Celso Alvim, maestro do Monobloco, também confirmou que o bloco carioca recebeu apoio financeiro da Ambev apenas para o desfile, marcado para a terça-feira de Carnaval (28), no entorno do Mineirão, mas sem apoio de verba pública. Além disso, o músico ressaltou que o Monobloco realizou com investimentos próprios as oficinas percussivas que aconteceram na capital mineira a partir de maio do ano passado, sempre às quintas-feiras, no Barracão do Queixinho, no Carlos Prates.
“O Monobloco vem investindo recursos próprios nesses encontros, bancando a vinda dos batuqueiros que dão aulas nas oficinas toda semana. Quanto ao desfile da terça-feira de Carnaval, a gente teve uma cota de apoio da Ambev, mas é uma cota que não cobriu todos os gastos, o resto vamos pagar. E não teve nenhum tipo de verba da Prefeitura nisso. O único apoio da Belotur é o que todos os blocos recebem no dia do desfile, como banheiros químicos e logística do evento”, diz Alvim.
O presidente da Belotur, Aluizer Malab, reforçou as falas da Ambev e do Monobloco, dizendo que o grupo não recebeu dinheiro público para qualquer fim. Malab pontuou que os blocos e as escolas da cidade tiveram incentivos financeiros por meio de editais abertos pela Belotur, no fim de janeiro.
“Entendendo o crescimento do Carnaval, fizemos os editais para contemplar artistas locais. O Monobloco nem neste edital entrou. Eles têm patrocínio da apoiadora deles, a Ambev, que também os patrocina em outros eventos no Rio e em São Paulo, é algo normal, não contam com nada de dinheiro público”, disse.
O presidente da Belotur ainda ressaltou os investimentos nos artistas locais. “Para o Carnaval da cidade, tivemos, por meio de edital, R$ 7.000 para artistas regionais, R$ 3.000 para artistas locais, além de um edital para os três palcos oficiais da Prefeitura, na Guaicurus, na praça da Estação e na avenida Brasil. Por fim, o edital de sonorização, para melhorar o som dos blocos maiores, teve R$ 300 mil distribuídos de acordo com critérios de porte e pontuação. Além de mais R$ 200 mil para as escolas de samba e R$ 225 mil para blocos caricatos”, informou Malab.
FONTE:Matéria /Imagem . http://www.otempo.com.br/divers%C3%A3o/magazine/pbh-n%C3%A3o-bancar%C3%A1-monobloco-1.1436759