Após ler esta matéria no site,www.favelaeissoai.com.br,a equipe CARNAVAL BH, não poderia deixar de manifestar seu apoio ao Bloco.Esperamos que a CULTURA POPULAR obtenha o respeito que ela merece neste país e que esta beleza não se perca no tempo.Que a cultura negra sobreviva aos novos tempos...
AXÉ PARA QUEM É DE PAZ.
Segue a metéria do site FAVELA É ISSO AI .
Aruê das Gerais: uma forma de manter vivo o brilho da cultura afro.
Tradicional em Belo Horizonte, o grupo Aruê das Gerais, do Conjunto Mariano de Abreu, corre o risco de ter o trabalho prejudicado no próximo ano por falta de apoio e patrocínio.
Dança, canto e percussão fazem parte, há vinte e um anos, da rotina da comunidade do bairro São Geraldo. O motivo é a presença da Associação Cultural Aruê das Gerais. O grupo cultural foi fundado em 1985. Idealizado pela coreógrafa e coordenadora Rosângela Goulart, o Aruê surgiu logo após a extinção do grupo Quilombo das Gerais, do qual participava como dançarina. O nome do grupo nasceu de uma música de capoeira, chamada “Aruê”, contida no LP intitulado “Cordão de Ouro”. O significado da palavra Aruê é brilho e o objetivo do grupo é manter as raízes da cultura afro-brasileira, tendo como manifestações o canto, a dança e a percussão.
Rô Fatawá, como Rosângela é conhecida, conta que, no começo, o grupo contava com quatro integrantes somente e o desejo inicial era trabalhar com a dança e cantos de dialetos africanos. Porém, a dificuldade de encontrar alguém que pudesse realizar as traduções para o português acabou por vetar a idéia, fazendo com que o Aruê das Gerais optasse por trabalhar a cultura afro-brasileira.
Para fazer a representação da história do negro no Brasil, o grupo realiza pesquisas em livros e através de filmes como “A cor púrpura” e “Um Príncipe em Nova York”, além da tradição oral, na qual os conhecimentos são compartilhados entre os integrantes.
A coreógrafa, que faz parte do Movimento Negro Unificado de Belo Horizonte, realça a importância do trabalho artístico e cultural realizado pelo grupo: “Existe essa preocupação de manutenção das tradições de matriz africana, de retratar e resgatar a memória dos nossos ancestrais, revivendo a história do negro no Brasil, através da resistência”, afirma. Além do Aruê das Gerais, o Movimento Negro Unificado de Belo Horizonte tem membros de grupos como Negras Ativas, Quilombola e Berimbrown, conhecidos na cena local pelo trabalho artístico.
O Aruê das Gerais se reúne semanalmente, aos domingos, adequando o tempo de ensaio dos trinta e cinco componentes ao tempo de duração dos espetáculos, considerando coreografias em grupo, solos, canto e percussão. Os ensaios acontecem na sede provisória, integrada ao espaço do bar e restaurante de Rô, o Tô de Boa, localizado na Avenida Itaité, nº1033 – São Geraldo. Os interessados em participar do grupo passam por testes para observação da área com a qual o candidato possui maior afinidade artística.
Rosângela afirma que o grupo enfrentou e ainda enfrenta alguns obstáculos ao longo de vinte e um anos de trabalho. “Muita gente acha que nós ganhamos dinheiro com a arte, por isso, muitos alunos faltavam, porque a mãe achava que não valia a pena estar conosco, que havia exploração. A barreira do preconceito ainda existe também, não tanto quanto há uns dois anos atrás, mas existe. Hoje as pessoas procuram saber como faz para participar do grupo, mas, antigamente, nos chamavam até de macumbeiro”, diz Rô.
Ao analisar o comportamento das pessoas em relação à população negra, Rosangêla encontra nos reflexos da militância a resposta para as alterações. “Acredito que houve uma mudança de pensamento das pessoas, porque resistimos, não desistimos mesmo com as dificuldades, mostrando a nossa cara, levando para ruas e escolas as nossas apresentações. As cartilhas sobre a cultura afro colocadas na rede pública de ensino representam também uma responsabilidade sobre essa mudança, ampliando a compreensão das crianças e jovens, além das oficinas de cultura ministradas nas escolas, proporcionando um maior entendimento sobre diversidade cultural”, avalia.
Há dois anos o Aruê das Gerais é membro da Rede Telemig Celular de Arte e Cidadania, o que tem auxiliado muito no desenvolvimento do trabalho. “Nós fizemos um projeto que foi aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura, mas precisávamos de apoio. Então buscamos a Telemig Celular, que já conhecia o nosso trabalho, pelo nosso contato com outros membros da Rede como o NUC, Meninas de Sinhá e Arautos do Gueto, assim passamos a ser membro. Conseguimos apoio da Telemig em dois projetos aprovados, em 2005 e 2006”, conta Rosângela.
Apesar da tradição representada pelo grupo no cenário artístico, em 2007, por falta de apoio, os foliões poderão ficar sem ver o Aruê das Gerais passar na Avenida Afonso Pena, ao contrário dos últimos três anos. “Ano que vem não vamos participar do carnaval em BH por falta de apoio da Belotur, que exige 250 componentes para que possamos desfilar. Não temos passistas e destaques, nem como atingir esse número. Nos anos anteriores nós montamos coreografias, enredo, sem nenhuma ajuda de custo, sem figurino ou transporte. Corremos o risco de não participar também por não ter como pagar os custos”, desabafa Rô, cujo trabalho carnavalesco soma duas atribuições: figurinista e coreógrafa, auxiliada por sua filha Juliana Goulart, que organiza os ensaios. Os preparativos para o desfile começam dois meses antes da folia. Bruno Walisson, percussionista, filho de Rô, é o responsável pelos enredos e ano passado levou à avenida o tema “Quilombos”. Com a participação no carnaval, o Aruê conquistou título de campeão, na categoria Bloco Afro em 2004 e 2005. Em 2006 apenas participou do evento, já que não havia outros blocos para competir.
Fora de Belo Horizonte, o grupo também já se apresentou no carnaval de Diamantina em 2005.
Além da participação ativa em universidades, escolas públicas, particulares e entidades sociais, a Associação Cultural Aruê das Gerais já se apresentou em muitos espaços e eventos tradicionais de Belo Horizonte como Festival das Artes Negras, Teatro Francisco Nunes, Teatro Dom Silvério, Teatro Marília, Serraria Souza Pinto e Palácio das Artes. Houve apresentações em festas regionais das cidades de Diamantina, Lagoa Santa, Tiradentes, Corinto, Mariana, Ouro Preto, São João Del Rey e outras.
Rô convida a todos os interessados em conhecer o trabalho do grupo a comparecer à Avenida Itaité, nº1033 – Bairro São Geraldo, no Bar Tô de Boa, aos domingos de manhã, quando acontecem os ensaios abertos gratuitamente à comunidade, com dançarinas, percussionistas e a presença da voz firme da cantora e contadora de histórias Ocássia, que faz parte do Aruê há três anos. É recomendável ligar antes para confirmar a realização dos ensaios.
FONTE: www.favelaeissoai.com.br
Rosângela
Telefone de Contato: 31 3488-3838
A falta de apoio às manifestações culturais populares (exceto as quadrilhas) em BH, se deve principalmente à falta de extrutura profissional.
Parece que vão surgir novos tempos, mas, infelizmente, até hoje não tivemos através da Belotur uma abertura que pudesse divulgar ao grande público a história e a importância de uma infinidade de manifestações culturais que existem pela cidade.
Mestre Affonso - BH/MG.