Ressaca de Carnaval na Lagoinha promete fazer BH sambar

• FOLIA QUE NÃO ACABA MAIS

  Se engana quem pensa que a festa acaba na quarta-feira de cinzas. A

  Ressaca de Carnaval da Lagoinha promete agitar o público na Rua

  Itapecerica.

  energia do Carnaval de Belo Horizonte cresce a cada ano. Em 2019,

  a folia começou mais cedo, no dia 16 de fevereiro e vai terminar

  mais tarde: no dia 10 de março. Isso porque, depois da quarta-feira

  de cinzas, o folião vai encontrar na Lagoinha uma opção para brincar o fim

  do carnaval.

  A Ressaca de Carnaval da Lagoinha é um projeto inovador que pretende

  inaugurar um novo circuito do carnaval de BH. A turma vai se concentrar na

  Praça Vaz de Melo, às 8 horas e o cortejo vai subir a rua Itapecerica. A festa

  está sendo organizada pela Liga de Carnaval da Lagoinha, composta pelos

  blocos participantes do projeto: Bloco Leão da Lagoinha, primeiro da história

  do samba de BH; Bloco Afoxé Ilê Odara, primeiro afoxé que tomou as ruas

  da capital; OriSamba, bloco da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente no

  Buraco Quente, Bloco do Bigode que traz como base a bateria show Mil

  Volts e a Escola de Samba Unidos dos Guaranys, a única da Pedreira Prado

  Lopes que vai desfilar no carnaval da Afonso Pena.

  Segundo Cláudia Magno, uma das produtoras do evento, a Liga espera a

  comunidade para uma festa familiar e de muita energia. “A Lagoinha é o

  berço do samba de BH, foi aqui que tudo começou, por isso vamos recriar

  este circuito da folia para a cidade. A comunidade está convidada para trazer

  a sua família e brincar carnaval com a gente”, diz.

  O circuito com os cinco blocos participantes traz uma diversidade que vai do

  carnaval de escola de samba, a ritmos de afoxé e música baiana. Para Jairo

  Nascimento, presidente do Bloco Leão da Lagoinha, essa mistura é o segredo

  A
• do projeto. “Nosso carnaval recebe a todos. Temos o primeiro bloco de

  carnaval e o primeiro bloco de afoxé da cidade de Belo Horizonte (o Leão da

  Lagoinha e o Ilê Odara) compartilhando espaço com blocos mais jovens,

  como o OriSamba e Bloco do Bigode”, destaca. Também participante da

  Ressaca, Preto, o diretor da Escola de Samba Unidos dos Guaranys

  comemora a retomada da escola em 2019. “Nós vamos levar para a

  Itapecerica nosso samba enredo ‘Pedreira, favela encantada’ para demonstrar

  nosso amor por nossa comunidade e destacar a importância da Pedreira Prado

  Lopes para a história de BH”, finaliza o sambista.

  Política e Carnaval de mãos dadas

  A Ressaca de Carnaval da Lagoinha nasce de um

  movimento popular que reivindica a requalificação da

  região da Lagoinha. Se em outros tempos, a região foi

  reconhecida por suas rodas de samba, choro e boemia, hoje

  sofre com a estigmatização causada pelas cenas públicas de

  uso de crack e pela grande população em situação de rua.

  Para o Pai Ricardo de Moura, diretor do OriSamba, a

  cultura tem papel fundamental neste processo. “Nós

  precisamos recuperar o valor da comunidade. Nossa gente

  tirou daqui as pedras para construir essa cidade, aqui nasceu

  o samba e o choro de BH, aqui era o lugar da boemia, dos

  casarões antigos que hoje sofrem com a deterioração e a

  especulação imobiliária. Não temos dúvidas que a

  requalificação só será possível através da cultura e da

  política de redução de danos” finaliza o líder religioso do

  terreiro de Umbanda que existe há 40 anos na Vila Senhor

  dos Passos, mais conhecida como Buraco Quente.