Acadêmicos de Venda Nova convoca compositores

O GRES.ACADEMICOS DE VENDA NOVA, convoca o sambista para mais uma edição de seu concurso de samba de enredo para o carnaval 2012, o blog carnaval BH apresenta a sinopse do enredo em homenagem a Milton Nascimento.

Travessia em MilTONS

Às vésperas das comemorações dos 70 anos do grande artista MILTON NASCIMENTO, a nossa Acadêmicos de Venda Nova canta a trajetória de vida deste ícone da música mundial em mil cores e tons, através das suas composições, num enredo marcado pela emoção e riqueza do vasto repertório deste compositor que adotou Minas como sua terra natal. Das suas muitas obras, escolhemos algumas das mais marcantes, de sua carreira, para ilustrar as nossas alegorias, adereços e fantasias, ricas fontes de inspirações para os nossos desfilantes e carnavalescos. Nada mais autêntico e original para ilustrar a sua trajetória de vida com o brilhantismo da sua própria arte.

Poucos são os artistas que conseguiram traduzir sua vida e seus sentimentos em versos e melodias permitindo, aos seus admiradores, uma cumplicidade arrebatadora dessas emoções. Somos: Milton Nascimento, travessias, ouro e Minas Gerais nesse carnaval de 2012.


Primeira Travessia

As 18 horas do dia 26 de outubro de 1942 anunciaram à vida Milton Nascimento, nascido na cidade do Rio de Janeiro. Filho de Maria do Carmo do Nascimento, teve sua vida bruscamente mudada com o falecimento de sua mãe, ainda aos 2 anos de idade. Foi adotado por sua madrinha Lília, que lhe deu o apelido de Bituca. Casada com Josino (Zino), a família mudou-se definitivamente para a cidade de Três Pontas, sul de Minas Gerais. Era a sua primeira travessia.

Na terra da Serra das Três Pontas, solo rico para a cultura do tradicional café, Bituca teve aflorado o seu amor pela natureza e o fascínio pelos trens que traziam e levavam personagens, sentimentos e sonhos para além das montanhas. Ainda criança já demonstrava afinidade e aptidão com a música e os instrumentos musicais de brinquedo, como tambores, gaita e acordeãozinho, sem deixar de lado as bolas de meia e as de gude.

Com pouco mais de 13 anos já acompanhava músicos da região nas apresentações em bares e clubes da região. O tempo foi passando e as festas tornaram-se constantes e, junto com amigos e parceiros de muitas composições, as noitadas e serestas eram regadas a eleita “favorita” batida de limão. Dessas esquinas para outros cantos de Minas e do Brasil, lá se foi Bituca e seus amigos rumo ao seu “nascimento” no cenário musical, a bordo do fusquinha azul 62 de “seu” Zino.


Um clube em cada esquina

Na adolescência integrou o “Conjunto Luar de Prata” com Wagner Tiso, cuja mãe lhe deu as primeiras noções de piano. Trabalhou na Rádio Três Pontas como DJ, locutor e diretor e em 1963 e 64 participou do grupo W's Boys, que se denominava assim porque os nomes de todos os integrantes começavam com W: Wagner (Tiso), Waltinho, Wilson, Wanderley, o que obrigou Milton a se tornar "Wilton" por algum tempo.

Milton gravou a primeira canção, “Barulho de trem”, em 1962. Mais tarde, mudou-se para Belo Horizonte com a intenção de cursar economia mas a vida o destinou aos palcos onde tocou em bares e clubes noturnos. Nesta fase muitas canções foram criadas e datam dessa época as composições “Novena” e “Gira Girou” (1964), ambas com o parceiro compositor Márcio Borges.

Na pensão onde foi morar na capital, no Edifício Levy, Milton conheceu os irmãos Borges, Marilton, Lô e Márcio, além de Nivaldo Ornellas, Nelson Ângelo, Tavito e outros. Dos encontros na esquina das Ruas Divinópolis com Paraisópolis, no boêmio bairro de Santa Tereza, surgiram os acordes e letras de canções como “Cravo e Canela”, “Alunar”, “Para Lennon e McCartney”, “Trem azul”, “Nada será como antes”, “Estrelas”, ”São Vicente” e ”Cais”. Pronto, o clube estava formado.

Porém, tornou-se conhecido nacionalmente, quando a canção "Travessia", composta por ele e Fernando Brant, alcançou a segunda posição no Festival Internacional da Canção, de 1967, e ganhou o troféu de melhor intérprete. Embalado pelo sucesso no festival, lançou o disco ”Milton e Tamba Trio”: Milton Nascimento entrou no estúdio acompanhado pelo “Tamba Trio” para gravar o seu primeiro sucesso. Este encontro fez de ”Travessia” uma canção definitiva e eternamente moderna.

Aos meninos fãs do ”The Beatles” e do ”The Platters”, vieram juntar-se Tavinho Moura, Flavio Venturini, Beto Guedes, Fernando Brant, Toninho Horta. Em 1972 a EMI gravou o LP ”Clube da esquina”, que era duplo e apresentava um grupo de jovens que chamou a atenção pelas composições engajadas, a miscelânea de sons e riqueza poética. ”O Clube da esquina” escreveu um dos mais importantes capítulos da história da MPB. Chamou a atenção dos músicos brasileiros e estrangeiros, dada a sua ousadia artística e criatividade inovadora.

Quando do lançamento, a crítica especializada não entendeu bem o que estava acontecendo e fez comentários severos a respeito da obra. Pouco tempo depois o disco teve reconhecimento internacional e ganhou o prestígio merecido aqui no Brasil também. O álbum virou disco de cabeceira de músicos no mundo inteiro, tornando-se referência estilística e estética da música contemporânea, e levou Milton Nascimento a ser convidado por Wayne Shorter a gravar um disco com ele, em 1975. O disco chamava-se ”Native Dancer” e serviu para projetar Milton de uma vez por todas no mercado norte-americano e europeu.


reNascimento

“Se Deus cantasse, seria com a voz dele”, assim profetizou Elis Regina sobre o amigo Bituca. O cantar inconfundível em compassos e arranjos incrivelmente originais e bem realizados, os sofejos e agudos facilmente alcançados o tornaram também um grande intérprete reconhecido em todos os palcos da vida por onde se apresentou.

Nas vésperas de completar sete décadas de vida, homenageamos Milton e as suas múltiplas habilidades como letrista, músico e arranjador, e mostramos que as esquinas e clubes se expandiram para todo o mundo, alcançando notório sucesso e sendo premiado por onde tenha passado. Em 1998 recebeu o prêmio máximo da música, o ”Grammy”, na categoria “Best world music álbum”, anteriormente, em 1991 e 1995, também foi indicado.

Dos seus mil tons criados, executados e cantados, Milton é a “Voz de Minas”, tendo suas canções executadas e interpretadas por grandes artistas como Elis Regina, Simone, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Emílio Santiago, Gal Costa, Maria Bethânia, Fafá de Belém, MPB-4, Nana Caymmi e até os internacionais Wayne Shorter, Pat Metheny, Peter Gabriel, Mercedes Sosa.

Suas canções tornam-se hinos dos momentos históricos e políticos que o Brasil atravessou. “Coração de estudante” (no enterro de Tancredo Neves), “Canção da América” (no enterro de Ayrton Senna) e “Menestrel das Alagoas” (hino do movimento “Diretas já”) foram executadas em passeatas, palanques de comícios e nos plenários da Câmara e do Senado Federal. Em outros palcos compôs a trilha do balé “Maria Maria” para o “Grupo Corpo” e “Missa dos Quilombos”, espetáculos esses que expunham a realidade social brasileira. Para o cinema compôs a trilha sonora de “Chico Rei”, “Deuses e Os Mortos”, “O Coronel e o lobisomen” e “Fitzcarraldo”.

Entre seus maiores sucessos destacamos: "Caçador de Mim" (Luís Carlos Sá/ Sérgio Magrão), "Nos Bailes da Vida", "San Vicente", "Bola de Meia Bola de Gude" (com Fernando Brant), "Canção da América" (com Fernando Brant), "Coração de Estudante" (com Wagner Tiso), "Fé Cega, Faca Amolada" (com Ronaldo Bastos), "Maria Maria" (com Fernando Brant), "Paula e Bebeto" (com Caetano Veloso), "Ponta de Areia" (com Fernando Brant), "Milagre dos Peixes" (com Fernando Brant), "Beijo Partido" (com Toninho Horta), "Tudo Que Você Podia Ser" (Lô Borges/ Márcio Borges), "Sentinela" (com Fernando Brant), "Um Girassol da Cor do Seu Cabelo" (Lô Borges/ Márcio Borges), "Cais" (com Ronaldo Bastos), "Encontros e Despedidas" (com Fernando Brant), "O Cio da Terra" (com Chico Buarque), "Calix Bento" (Tavinho Moura), "Nada Será como Antes" (com Ronaldo Bastos), "Fazenda" (com Nelson Ângelo) e "Cravo e Canela" (com Ronaldo Bastos).

Amizade, simplicidade e lealdade, estas são as palavras que traduzem o comportamento e a carreira de Milton, sempre cercado de seus fiéis (e muitos) amigos, familiares e parceiros. A cada nova obra um novo reNascimento. Bituca se renova a cada novo trabalho apresentado, levando os sons e as vozes de Minas para o mundo, conquistando mais admiradores e garantindo o seu posto de destaque como grande músico.


Obras de uma vida

• Barulho de Trem – Dex, 1964
• Travessia - Codil, 1967
• Courage - A&M/CTI, 1969
• Milton Nascimento - Odeon, 1969
• Milton - Odeon, 1970
• Clube da Esquina (com Lô Borges) - EMI Odeon, 1972
• Milagre dos Peixes - EMI Odeon, 1973
• Milagre dos Peixes Ao Vivo - EMI Odeon, 1974
• Native Dancer com Wayne Shorter - Columbia, 1975
• Minas - EMI Odeon, 1975
• Geraes - EMI Odeon, 1976
• Milton – Emi/Odeon, 1976
• Clube da Esquina 2 - EMI Odeon, 1978
• Journey To Dawn - A&M, 1979
• Sentinela - Ariola, 1980
• Caçador de Mim - Ariola, 1981
• Anima - Ariola, 1982
• Missa dos Quilombos - Ariola, 1982
• Milton ao Vivo - Barclay, 1983
• Encontros e Despedidas - Barclay, 1985
• A Barca dos Amantes - Barclay, 1986
• Corazón Americano - Polygram, 1986
• Milton / RPM – Epic CBS, 1987
• Yauaratê - CBS, 1987
• Miltons - CBS, 1988
• Txaí - CBS, 1990
• O Planeta Blue na Estrada do Sol – CBS Sony, 1991
• Angelus - Warner, 1993
• Amigo - Warner, 1995
• Nascimento - Warner, 1997
• Os Tambores de Minas - Warner, 1998
• Milton Nascimento 'Crooner' - Warner, 1999
• Milton Nascimento – Uma Travessia Musical – Reader’s Digest, 1999
• Brazilian Rhapsody (com Daniel Barenboim) - Teldec, 2000
• Gil & Milton (com Gilberto Gil) - Warner, 2000
• Trilhas de Ballet (Maria, Maria / Último Trem) - Nascimento, 2002
• Milton Nascimento Travessia - Dubas, 2002
• Pietà - Warner, 2002
• Oratório, 2002
• Music for Sunday Lovers, 2003
• O Coronel e o Lobisomem, 2005
• Novas Bossas – Milton Nascimento e Jobim Trio, Emi 2008
• Milton Nascimento & Belmondo – Biscoito Fino, 2009
• ...E a Gente Sonhando – Nascimento música / Emi, 2010


Bibliografia

• Dolores, Maria. Biografia. Travessia: A Vida de Milton Nascimento. 2006. Editora RCB;
• Borges, Márcio. Os Sonhos não Envelhecem: Histórias do Clube da Esquina. 1996. Editorial Geração. Postfácio: Milton Nascimento;
• http://www.miltonnascimento.com.br;
• outros sites da internet.



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Carnaval 2012 Belo Horizonte

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