Uma nota de repúdio causou polemica nas redes sociais esta semana, se trata de uma nota contra a idéia de camarotes ligados aos blocos de rua de Belo Horizonte e a vinculação dos mesmos a marcas de cerveja. SEGUE ABAIXO A NOTA NA INTEGRA: Nota de repúdio de blocos de rua do carnaval de BH contra o prefeito e o camarote |
Desde 2009, a cidade de Belo Horizonte vive um processo de RETOMADA do seu carnaval de rua. Retomada porque a festa nunca deixou de existir, em suas várias maneiras de fazer pela população, mas andou abandonada pelo poder público e apagada pelo modelo de cidade que diminui a convivência nos espaços públicos.
Essa retomada foi feita pelas pessoas, para as pessoas. Como um desejo de estarem juntas nas ruas da cidade, mas também como um CONTRAPONTO a um modelo de cidade excludente, privatista, individualista, em que o espaço urbano passa a ser a mera conexão de espaços individuais. Em suma, o modelo dos condomínios, dos shopping centers, dos camarotes e áreas vips. O modelo dos sonhos do atual prefeito.
Para qualquer um que vai ao carnaval de BH, fica bastante claro que quem faz a festa é a rede anárquica e deliciosa de pessoas que botam seus blocos na rua, que cantam e tocam, que inventam fantasias, que reinventam a cidade em seu ocupar pedestre. E, cada vez mais, essas pessoas assistem à tentativa torpe de apropriação da festa. Afinal, ela pode dar lucro e voto.
Em entrevista recente, o prefeito de BH afirmou ser a Belotur a responsável pelo renascimento da festa. Vultuosa mentira que ele tem insistido em repetir para, quem sabe, virar verdade. Pois o que temos a dizer é que a festa acontece e aconteceu APESAR do poder público e da atual gestão.
Em 2009 e 2010, a prefeitura ignorou a festa que vinha sendo feita. Em 2011, decidiu combatê-la, com ameaças a bares e uso de efetivo policial: pouco importa se a fantasia era de rei, pirata ou marinheiro, o expediente foi cacetete e bomba de gás lacrimogênio.
A partir de 2012, a PBH tentou se apropriar da festa e distorcê-la. Vendeu o direito de se fazer comércio nas ruas para uma marca de cerveja, montou palcos e esbanjou em publicidade. O fato é que os palcos da PBH não atraíram um décimo dos foliões presentes nos blocos, segundo dados oficiais. Na sua ânsia privatista, o ex-presidente da Belotur chegou a propor que a cidade se tornasse um grande blocódromo, com áreas restritas para a festa, todas elas comercializadas com grandes marcas.
Conhecemos bem essa história. Já vimos acontecer em muitos lugares. É a velha e triste apropriação das construções coletivas para interesses privados. Lucrar com os corpos, as baterias, as energias, os desejos dos outros. Mas aqui não vai passar.
É o momento de repudiar as declarações do prefeito e também todas as tentativas de cercear espaços, fechar, excluir, tornar VIP aquilo que é popular e aberto. É o momento de repudiar camarotes e seus abadás laranjados, suas pulseirinhas cítricas e suas práticas excludentes. A nossa festa não vai ser tomada. Contra o alambrado, nosso carnaval é feito por e para a livre circulação de corpos e pulsações, pelos quatro cantos da cidade.
Aos criadores de camarotes e áreas vips, avisamos desde já que nossos blocos não vão passar na sua porta. Não vai ser com nossos corpos que seu lucro virá.
******** Assinam a carta: Alcova Libertina Approach Angola Janga Baianas Ozadas Baião de Rua Bloco da Praia Blocomum Bloco do seu Pai e filhos de Gaby Bloco Duro Bombos de Iroko Beiço do Wando Bloco da Calixto Bloco Fúnebre Bigode Cheiroso Corte Devassa Delírio Coletivo Do seu Bento à Dona Lúcia Então Brilha Fera Neném Filhos de Tcha Tcha Juventude Bronzeada João Careca Língua do São Salvador Mama na Vaca Manjericão Maria Baderna Moreré Me beija que eu sou pagodeiro Ordináááários Padecendo no paraíso Pena de Pavão de Krishna Peixoto Pisa na Fulô Pula Catraca Queixinho Tico Tico Serra Copo Tchanzinho da Zona Norte Tetê a Santa Toca Raul Agremiação Psicodélica Vai tomar no Cooler Vira o Santo
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