terça-feira, 24 de novembro de 2015

Blocos de Rua dizem não ao camarote. Conheça a Nota de Repúdio.


Uma nota de repúdio causou polemica  nas redes sociais esta semana, se trata de uma nota contra a idéia de camarotes ligados aos blocos de rua de Belo Horizonte e a vinculação dos mesmos a marcas de cerveja.

SEGUE ABAIXO A NOTA NA INTEGRA: 


Nota de repúdio de blocos de rua do carnaval de BH contra o prefeito e o camarote |

Desde 2009, a cidade de Belo Horizonte vive um processo de RETOMADA do seu carnaval de rua. Retomada porque a festa nunca deixou de existir, em suas várias maneiras de fazer pela população, mas andou abandonada pelo poder público e apagada pelo modelo de cidade que diminui a convivência nos espaços públicos.

Essa retomada foi feita pelas pessoas, para as pessoas. Como um desejo de estarem juntas nas ruas da cidade, mas também como um CONTRAPONTO a um modelo de cidade excludente, privatista, individualista, em que o espaço urbano passa a ser a mera conexão de espaços individuais. Em suma, o modelo dos condomínios, dos shopping centers, dos camarotes e áreas vips. O modelo dos sonhos do atual prefeito.

Para qualquer um que vai ao carnaval de BH, fica bastante claro que quem faz a festa é a rede anárquica e deliciosa de pessoas que botam seus blocos na rua, que cantam e tocam, que inventam fantasias, que reinventam a cidade em seu ocupar pedestre. E, cada vez mais, essas pessoas assistem à tentativa torpe de apropriação da festa. Afinal, ela pode dar lucro e voto.

Em entrevista recente, o prefeito de BH afirmou ser a Belotur a responsável pelo renascimento da festa. Vultuosa mentira que ele tem insistido em repetir para, quem sabe, virar verdade. Pois o que temos a dizer é que a festa acontece e aconteceu APESAR do poder público e da atual gestão.

Em 2009 e 2010, a prefeitura ignorou a festa que vinha sendo feita. Em 2011, decidiu combatê-la, com ameaças a bares e uso de efetivo policial: pouco importa se a fantasia era de rei, pirata ou marinheiro, o expediente foi cacetete e bomba de gás lacrimogênio.

A partir de 2012, a PBH tentou se apropriar da festa e distorcê-la. Vendeu o direito de se fazer comércio nas ruas para uma marca de cerveja, montou palcos e esbanjou em publicidade. O fato é que os palcos da PBH não atraíram um décimo dos foliões presentes nos blocos, segundo dados oficiais. Na sua ânsia privatista, o ex-presidente da Belotur chegou a propor que a cidade se tornasse um grande blocódromo, com áreas restritas para a festa, todas elas comercializadas com grandes marcas.

Conhecemos bem essa história. Já vimos acontecer em muitos lugares. É a velha e triste apropriação das construções coletivas para interesses privados. Lucrar com os corpos, as baterias, as energias, os desejos dos outros. Mas aqui não vai passar.

É o momento de repudiar as declarações do prefeito e também todas as tentativas de cercear espaços, fechar, excluir, tornar VIP aquilo que é popular e aberto. É o momento de repudiar camarotes e seus abadás laranjados, suas pulseirinhas cítricas e suas práticas excludentes. A nossa festa não vai ser tomada. Contra o alambrado, nosso carnaval é feito por e para a livre circulação de corpos e pulsações, pelos quatro cantos da cidade.

Aos criadores de camarotes e áreas vips, avisamos desde já que nossos blocos não vão passar na sua porta. Não vai ser com nossos corpos que seu lucro virá.

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Assinam a carta:
Alcova Libertina
Approach
Angola Janga
Baianas Ozadas
Baião de Rua
Bloco da Praia
Blocomum
Bloco do seu Pai e filhos de Gaby
Bloco Duro
Bombos de Iroko
Beiço do Wando
Bloco da Calixto
Bloco Fúnebre
Bigode Cheiroso
Corte Devassa
Delírio Coletivo
Do seu Bento à Dona Lúcia
Então Brilha
Fera Neném
Filhos de Tcha Tcha
Juventude Bronzeada
João Careca
Língua do São Salvador
Mama na Vaca
Manjericão
Maria Baderna
Moreré
Me beija que eu sou pagodeiro
Ordináááários
Padecendo no paraíso
Pena de Pavão de Krishna
Peixoto
Pisa na Fulô
Pula Catraca
Queixinho
Tico Tico Serra Copo
Tchanzinho da Zona Norte
Tetê a Santa
Toca Raul Agremiação Psicodélica
Vai tomar no Cooler
Vira o Santo

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FELIPE DINIZ